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Estruturas de mercado - Os mercados são todos iguais ou diferem?

A produção é a mesma em todos os mercados?

Não. Aquilo que um produtor produz depende, fundamentalmente, do tipo de mercado da sua empresa. A empresa pode ser a única produtora de um bem, pode ter apenas um ou apenas dois concorrentes e pode até mesmo ser uma empresa entre muitas outras empresas produtoras de um determinado bem. Perante estes fatores, as empresas diferenciam o seu comportamento quanto à produção, ou seja, a quantidade que as empresas lançam no mercado difere bastante de caso para caso.


Então que tipos de mercado existem?

Existem quatro grandes tipos de mercado diferentes:

Concorrência Perfeita - muitas empresas a produzirem um produto homogéneo
Concorrência Monopolística - muitas empresas a produzirem um produto diferenciado
Oligopólio - poucas empresas a produzirem um produto homogéneo ou diferenciado
Monopólio - uma só empresa a produzir um produto único

Estes tipos de mercado distinguem-se, principalmente, pelo grau de poder que cada empresa individual tem sobre o total das empresas.

Poucas empresas enchem o seu papo, mas um exército de empresas pode acabar com o alimento - Concorrência Perfeita

Uma situação ideal de concorrência perfeita pressupõe a existência de muitos produtores pequenos que produzem produtos com as mesmas caraterísticas, bem como pressupõe a ausência de obstáculos para a criação e destruição de empresas num determinado mercado. Por consequência, os produtos das diversas empresas são, pois, substitutos perfeitos. Para além disso, nenhum dos produtores pode influenciar o mercado e todos tomam o preço como um dado.

O que é tomar o preço como um dado?

Se a empresa quiser vender acima do preço dado pelo mercado, os consumidores não vão querer comprar, porque os concorrentes dessa empresa vendem mais barato. Caso a empresa queira vender abaixo do preço estipulado pelo mercado, não vai conseguir nenhum benefício. Isto porque vai perder dinheiro por cada unidade vendida e para além disso, a descida de preço, mesmo pressupondo clientes adicionais, não vai trazer lucro que compense a perda de receitas, visto que se trata de um pequeno produtor.
Numa situação de concorrência perfeita, entra em funcionamento o modelo da oferta e da procura, ou seja, os produtores são chamados de price takers, porque têm que aceitar um preço formado pelo mercado. Os produtores não têm poder sobre o preço.

Qual o impacto da liberdade de entrada a novas empresas?
Quando as empresas já instaladas conseguem lucros, outras empresas sentir-se-ão atraídas quanto à entrada nesse mercado. Isto significa que enquanto houver lucro nesse mercado, a entrada de novas empresas não vai parar. No entanto, uma das grandes consequências da entrada destas novas empresas é o aumento da oferta do mercado. E à medida que a oferta vai aumentando, o preço vai descendo e, a certo momento, o lucro acaba, assim como a entrada de novas empresas cessa. Poucas empresas enchem o seu papo, conseguem obter lucro, mas um exército de empresas pode acabar como alimento dessas mesmas empresas, que é o lucro.

Exemplo  de Mercado de Concorrência Perfeita


Os suinicultores fazem parte de um mercado de concorrência perfeita, uma vez que esta é uma atividade com muitos pequenos produtores, que produzem um produto homogéneo, que são os porcos. Ora, uma vez que estes produtores não têm nenhum poder sobre o preço, muitas vezes não percebem por que razão os seus porcos são transacionados a um preço tão baixo. Na verdade, isto acontece porque há um excesso de oferta de carne de porco, o que faz com que os preços baixem e não cubram os custos de produção dos produtores de porcos. Até que: 


Imagem de aterraemmarte.com

Enquanto uns estão sempre abertos e vazios, outros estão sempre cheios e fechados - Existem empresas com poder de mercado?

Sim, existem empresas que têm influência sobre o preço. Podemos começar pelo extremo oposto à concorrência perfeita:

Monopólio

Este mercado tem apenas um produtor, que controla toda a produção. O mercado monopolista tem que satisfazer toda a procura sozinho, pois não existem produtos substitutos próximos. Um monopólio tem poder de mercado, pois tem também a capacidade de influenciar o preço de mercado do produto que vende. 

Mas serão legais os monopólios?

Quase toda a legislação económica proíbe os  monopólios, mas há duas grandes exceções legais:

  • Monopólio natural
  • Monopólio de direito exclusivo

Monopólio natural

Uma única empresa pode produzir a quantidade total que é procurada a um custo médio mais baixo do que poderiam várias empresas. Um monopólio apresenta um custo médio decrescente. A existência de várias empresas a produzir iria trazer prejuízo para todas.



Monopólio de direito exclusivo

Há um direito exclusivo através de patentes, por exemplo que é dado pelo governo a uma empresa para esta produzir um produto ou serviço. As patentes, em geral, são atribuídas a empresas que gastam muito dinheiro na invenção dos produtos. Isto porque se houvesse outras a copiar, iriam trazer muito prejuízo para a empresa que teve a ideia original. O Estado protege as empresas que investigam, porque estas têm um custo elevado de investigação. Sem essa proteção as empresas não se sentiriam incentivadas e deixavam de investigar.

Concorrência Perfeita versus Monopólio

Enquanto em concorrência perfeita os mercados estão abertos, na medida em que não há barreiras à entrada de novos concorrentes, os monopólios são fechados, ou por proteção de parte do Estado ou porque naturalmente impedem a entrada de novos concorrentes. Para além disso, os mercados de concorrência perfeita estão sujeitos ao preço de mercado e portanto, podem mesmo ficar vazios de lucro, enquanto os monopólios têm poder sobre o preço e conseguem encher o seu mercado de lucro.

Exemplo de monopólio

Um monopólio como o Netflix não tem concorrentes próximos e, portanto, tem o poder de
influenciar o preço dos seus produtos no mercado.
O Netflix é um serviço global de filmes e séries de televisão via streaming, atualmente com mais de 80 milhões de assinantes. Hoje, mais de 190 países têm acesso à plataforma.

"Oferece um catálogo maior que qualquer outro e usa tecnologia de recomendação de conteúdo através de dados coletados de todos os seus usuários (Big Data). É a partir desses dados que o Netflix elabora sua produção próprias com uma probabilidade de sucesso alta"

Enquanto uma empresa em concorrência perfeita é uma price-taker, uma empresa monopolista é uma price-maker. Os consumidores dos monopólios parecem não ter outras escolhas além da de comprarem o que o monopólio disponibiliza no mercado. E é certo que uma empresa monopolista pode controlar o preço dos bens que vende, como é o caso do Netflix.

Imagem de pressandupdate.com

Já vimos os dois casos extremos de concorrência: a perfeita e a inexistente, mas:

Há casos intermédios?

Sim, eles existem. Vamos começar pelo oligopólio, que se carateriza pela existência de poucas empresas que, por serem poucas, conseguem ter grande poder sobre o preço. Não obstante, concorrem entre elas.

O oligopólio pode gerar uma coligação económica, sendo que essas poucas empresas combinam entre si estratégias, preços e quantidades. Esta situação também é denominada de cartel  e tem um resultado muito parecido com o monopólio. Para os consumidores a formação de oligopólios não é boa, pois dificulta a entrada de outras empresas no setor dominado. Uma vez que a concorrência diminui, os preços sobem.

"É raro que as pessoas que exercem a mesma atividade se encontrem (...) sem que a conversa acabe numa conspiração para elevar os preços."

           Adam Smith



Devido aos inconvenientes para os consumidores, os cartéis são ilegais em muitos países, até porque também perturbam o normal funcionamento do mercado.



O cartel apresenta um problema económico. Uma vez combinado com as outras empresas um certo preço ou quantidade a vender, cada empresa tem vantagem em enganar as outras, quebrando esse acordo e vender mais barato, roubando clientes aos concorrentes. Por isso, os cartéis podem acabar em guerras de preço ou de quantidade, ou seja, voltam à situação normal de oligopólio.


O oligopólio é como um jogo. Cada empresa toma a sua decisão, mas sabe que o resultado depende do que as outras empresas fizerem. A interação estratégica é influente, ao contrário do mercado de concorrência perfeita e do monopólio.

Exemplo de oligopólio

A Coca-Cola e a Pepsi constituem um oligopólio e atuam com produtos similares, que possuem os mesmos propósitos. Estas marcas lutam pela melhor quota do mercado dos refrigerantes, através de marketing, essencialmente através da publicidade, surgindo várias vezes publicidade provocativa.
Esta rivalidade acaba por se refletir nos consumidores, que muitas vezes também entram em conflito uns com os outros, pelo facto de defenderem fielmente a sua marca favorita.

Conclui-se que estas marcas rivalizam mais em termos de marketing do que em termos de preço e tentam ao máximo demonstrar caraterísticas de diferenciação entre elas via política de produto. Isto porque a Pepsi é um produto substituto da Coca-Cola e vice-versa, o que significa que alterar o preço é fatal. Por exemplo, se o preço da Coca-Cola aumentar 20% e o preço da Pepsi permanecer igual, a Coca-Cola arrisca-se a uma queda da procura pelo seu produto.


Imagem de hormigaciones.blogspot.com


E o que é um mercado de Concorrência Monopolística?

É um mercado com muitos produtores, tal como no mercado de concorrência perfeita, mas cada um deles produz e vende um produto diferenciado. Podemos então dizer que, no seu produto próprio, diferente dos das outras empresas, cada empresa é um monopólio. No entanto, os produtos destas empresas satisfazem necessidades similares, e por essa razão, existe uma grande concorrência entre elas.

Então como distinguimos Concorrência Monopolística de Monopólio?

Quanto ao produto, as empresas em concorrência monopolística podem constituir-se um monopólio, porque prezam pela diferenciação do seu produto. Mas, ao contrário do monopólio e tal como na concorrência perfeita, se as empresas estiverem a obter lucro, outras empresas vão querer entrar no mercado e conseguem, visto que não existem barreiras à entrada. Estas novas empresas vão querer produzir produtos parecidos aos que já existem, o que pode levar à perda de lucro por parte das empresas já instaladas no mercado. Há uma perda de lucro ao ponto de cessar a entrada de novas empresas que perdem o incentivo por não verificarem lucro na venda daqueles produtos.
Há a criação de diversas marcas e variantes ligeiramente diferentes que, no fundo, representam a mesma coisa, mas permitem criar, de forma artificial, um poder de monopólio. Assim, as empresas têm algum poder sobre o preço por causa da diferenciação.

Exemplo de Mercado de Concorrência Monopolística



As empresas que enfrentam uma concorrência monopolística podem diferenciar-se, não só através do produto, como através da localização. O mercado das bombas de gasolina preza por se diferenciar em termos de localização atendendo ao fator proximidade.
Numa cidade podem existir várias bombas de gasolina. No entanto, há locais específicos mais isolados nessa cidade em que apenas existe um posto para abastecer, fazendo com que muitos moradores desses locais sejam consumidores desse posto por comodidade. É uma opção estratégica de diferenciação por parte da empresa.
No entanto, a diferenciação implica um custo maior, mas também um certo poder na fixação de preços. É possível aumentar o preço da gasolina, no entanto, os preços elevados podem levar a que os consumidores prefiram abastecer em postos de gasolina mais distantes, logo a concorrência monopolística não é eficiente a nível social.

Imagem de ominho.pt


Vídeo sobre Estruturas de Mercado com outros exemplos práticos(em inglês):








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